Depois de 35 anos, cinemas vão reabrir na Arábia Saudita

No começo dos anos 1980, radicais islâmicos contrários ao entretenimento público e, principalmente, à mistura de homens e mulheres na vida pública conseguiram com que o governo banisse uma forma secular de diversão: o cinema. Apenas uma sala IMAX persistia, na metrópole de Khobar, mas isso agora está prestes a mudar.
Finalmente, após 35 anos, o príncipe Mohammed bin Salman resolveu acabar com o embargo e permitir que novas salas se instalem no país a partir de março de 2018. Salman, de 32 anos, está tentando diminuir a dependência da Arábia Saudita apenas da extração de petróleo e, com isso, tem optado por um governo mais liberal.
No período em que durou a proibição, poucos foram os cineastas locais que se arriscaram a produzir seus longas-metragens. “Keif al-Hal?”, de 2006, foi dito como o primeiro filme saudita da história, mas foi filmado nos Emirados Árabes Unidos e é estrelado por um atriz da Jordânia. Já “O Sonho de Wadja”, sobre uma menina que sonha em ganhar uma bicicleta – algo proibido para as mulheres de lá – foi o primeiro inteiramente filmado na Arábia Saudita e o primeiro a ser dirigido por uma mulher.
"O Sonho de Wadja": filme driblou a proibição e conseguiu mostrar a sensibilidade dos cineastas sauditas
“A abertura dos cinemas servirá de catalisador para o crescimento econômico e a diversificação”, explicou Awwad bin Saleh Alawwad, ministro da Cultura e da Informação. Porém, os filmes continuarão censurados e só serão liberados se estiverem de acordo com os valores morais da Arábia Saudita e com a sharia, que são os princípios que regem o islamismo.
Haifaa al-Manour, a diretora de “O Sonho de Wadja”, comemorou a queda do embargo, falando que a Arábia Saudita está sempre nos noticiários internacionais, mas que agora será por uma boa causa. Por enquanto, os sauditas precisam viajar a países vizinhos para se encontrar com a sétima arte.
A meta é construir mais de 3 mil salas de cinema até 2030, inaugurando as primeiras em março do ano que vem nas principais cidades do país. Os cineastas locais e os cinéfilos de todo o mundo agradecem! O que será que vem por aí depois de tanto tempo de censura?


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