Nosso mundo está cheio de vida. Durante bilhões de anos de mudanças e evolução, grande parte dos seres vivos de hoje não existiram durante os diferentes estágios da evolução estrutural da Terra. As placas continentais mudaram, eras do gelo alteraram os meio ambientes e meteoros do espaço alteraram para sempre as coisas que vivem e respiram no nosso planeta. Há literalmente milhões de espécies únicas na Terra.
Somente no século 18 o botânico sueco Carl Linnaeus desenvolveu o nosso sistema moderno de nomenclatura binomial das espécies – a denominação de plantas, animais, etc que usa a gramática latina e coloca o gênero de um animal e depois a espécie em seu nome formal. Hoje, o campo de identificação e organização de espécies está mais ativo do que nunca. Existem muitos animais que convivem conosco e são praticamente desconhecidos. Abaixo estão dez espécies incríveis que vivem em nosso planeta que foram encontradas apenas nos últimos anos.
10. Pheidole Viserion e Pheidole Drogon, as formigas de Game of Thrones
As formigas são uma das criaturas mais onipresentes no nosso planeta. Com mais de 12.000 espécies individuais, as formigas possuem um lar em todos os continentes, exceto a Antártida. Todas as formigas compartilham uma morfologia comum, constituída por um corpo de três partes: a cabeça, o tórax e o abdômen. As formigas vivem em colônias, que variam em tamanho de várias dezenas para até milhões. As colônias consistem em reproduzir rainhas, que podem viver 30 anos.
As formigas compõem uma parte impressionante da biomassa da Terra, por isso não é surpresa que duas novas espécies de formigas não fossem conhecidas pelos pesquisadores até este ano. Essas novas espécies, a Pheidole Viserion (à esquerda) Pheidole Drogon (à direita) são membros do gênero Pheidole, que pode ser encontrado em todo o planeta. No entanto, enquanto essas formigas são conhecidas por suas cabeças relativamente grandes, P. viserion e P. drogon também apresentam espinhos impressionantes nas suas costas. Os pesquisadores decidiram que esses espinhos eram como aqueles encontrados nos dragões da popular série de TV Game of Thrones. As formigas foram observadas na Nova Guiné, a segunda maior ilha do mundo, um ecossistema tropical de incrível biodiversidade.
9. Eulophophyllum Kirki, a beleza em rosa
Especialistas dizem que há 200 milhões de insetos na Terra para cada ser humano, por isso não é surpreendente que os insetos dominem o campo dos membros recém-descobertos do reino animal. Da Nova Guiné, vamos para Bornéu, que fica nas proximidades e é a terceira maior ilha do mundo, englobando partes da Malásia e da Indonésia, com a nação de Brunei ocupando uma minúscula fatia da ilha.
Lá, o cientistas encontraram por acidente o Eulophophyllum kirki. A espécie foi encontrada enquanto os pesquisadores estavam à procura de cobras e aranhas em Bornéu. Esta espécie da família Tettigoniidae (insetos conhecidos como esperanças) é única pela tonalidade rosada de suas fêmeas. A fêmea do E. Kirki foi descoberta em uma reserva natural da Malásia, mas nenhum espécime foi coletado para pesquisas futuras, já que os cientistas não conseguiram obter permissões coletivas. O nome do inseto é derivado do nome do homem que o fotografou, Peter Kirk. Ele mede aproximadamente 4 centímetros e imita as folhas para se misturar perfeitamente com os arredores. Para a fêmea, isso significa que sua parte traseira rosa extraordinária é forrada com “veias” parecidas com as de árvores próximas.
8. Eriovixia Gryffindori, a aranha ‘Chapéu Seletor’
Uma das vantagens de descobrir uma espécie animal nova e rara é poder dar nomes legais para ela. Muitos pesquisadores colocam seu próprio nome no identificador de espécies do animal, mas também é comum que os cientistas dêem espaço para a cultura pop ao nomear espécies. Este é o caso da recém-descoberta Eriovixia gryffindori, uma aranha encontrada no estado de Karnataka, no sudoeste da Índia. O formato da aranha, desde a sua tonalidade acastanhada até a curvatura do seu corpo, assemelha-se ao Chapéu Seletor dos livros e filmes da saga Harry Potter. A autora J.K. Rowling até mesmo twittou seus parabéns aos pesquisadores após sua descoberta.
A aranha é parte do gênero Eriovixia, parte da família Araneidae, conhecidas por contruir teias em formato espiral e circular. A E. gryffindori mede apenas 7 milímetros, o que ajuda a explicar como ela permaneceu desconhecida por tanto tempo. A aranha é noturna, e, como as esperanças cor-de-rosa, é uma mestre do mimetismo, misturando-se com folhagem morta para evitar predadores.
7. O bizarro Illacme Tobini
Os diplópodes, animais conhecidos popularmente como piolhos-de-cobra, possuem o nome “Millipedes” em inglês, em referência ao seu grande número de pernas. Mas nenhuma espécie de diplópode possui 1.000 pernas. A maioria das espécies pertencem à ordem Polydesmida e possui 62 pernas. O número recorde de pernas para uma espécie de diplópode é 750, registrada por um membro da espécie Illacme plenipes. O Illacme Tobini, é uma espécie que foi descoberta nos Estados Unidos, no Parque Nacional Sequoia da Califórnia, e possui algumas peculiaridades.
Esta criatura tem quatro pênis, que dobram como pernas para ajudá-lo a se mover no solo. Além disso, o I. Tobini tem 414 pernas, muito superior à média de um diplópode. Quando foi descoberto, foi preservado em etanol para pesquisa de DNA, o que revelou que ele é um parente próximo de I. plenipes. O I. Tobini tambem possui 200 glândulas venenosas, excretando uma substância nova que ainda não foi descrita na pesquisa científica. A única coisa que esta criatura não tem em grande número são os olhos: ela é completamente cega. Este conjunto peculiar de características é embrulhado em pelos finos que secretam um resíduo sedoso e único do seu veneno.
6. Potamotrygon Rex, a arraia rei
Arraias de água doce são animais que podem ser encontrados em várias regiões tropicais ao redor do mundo. Várias espécies, pertencentes ao gênero Potamotrygon, vivem nos rios da América do Sul. Arraias possuem ferrões que podem ser usados para sua proteção, mas, felizmente, geralmente elas são aversas ao conflito. Elas não procuram seres humanos para atacar, embora haja casos em que as pessoas tiveram encontros letais com esses animais. Steve Irwin, o “Caçador de Crocodilo”, foi morto por um ferrão de uma arraia marinha que atravessou seu peito em setembro de 2006.
A Potamotrygon rex foi descoberta no rio Tocantins, no norte do Brasil. O rio Tocantins é um grande repositório de vida exótica. Cerca de 35% das espécies de peixes encontradas no rio não podem ser encontradas em qualquer outro lugar da Terra. A P. rex é uma impressionante arraia de 1,1 metros de comprimento e pode pesar mais de 20 kg (um jovem é retratado acima). Ela é colorida com tons castanho-escuros, manchados por círculos impressionantes de amarelo e laranja. Esses recursos levaram à sua eventual nomeação de rex, “rei” em latim. Os cientistas observaram que a descoberta de um espécime relativamente grande ressalta o quanto mais temos que aprender sobre o reino neotropical, um dos oito reinos biogeográficos do planeta, que inclui grande parte da América Central e de toda a América do Sul.
5. Gracilimus Radix, um novo mamífero
A leste de Bornéu, fica uma ilha chamada Sulawesi. Esta ilha, que faz parte da Indonésia, é fortemente povoada e o lar de uma abundante variedade de vida selvagem. Isso inclui o Gracilimus radix, uma nova espécie de rato encontrada na ilha.
O G. radix é um achado fascinante por várias razões. Primeiro, ele é um mamífero. Embora a descoberta de novos insetos ou anfíbios seja relativamente comum, os cientistas se deparam muito menos frequentemente com novas espécies de mamíferos. Em segundo lugar, o roedor recém-descrito tem qualidades inovadoras suficientes para denotar não apenas uma nova espécie, mas também um novo gênero, um nível mais alto de distinção taxonômica. Finalmente, o G. radix é um omnívoro, ao contrário de seus parentes carnívoros mais próximos. Isso significa que ele evoluiu de uma dieta especialista para uma dieta generalista, uma adaptação incomum para qualquer criatura.
O rato mede 30 centímetros com um peso de aproximadamente 40 gramas, e possui uma variedade elaborada de bigodes que provavelmente ajudam a vasculhar o chão da floresta. A descoberta de tal espécie aponta para as muitas criaturas em Sulawesi e outras ilhas ainda esperando para serem encontradas.
4. Inia Araguaiaensis, o novo boto da amazônia
Muitas espécies desta lista são cativantes, mas a documentação de novos insetos ou espécies de peixes pode não ser muito surpreendente. O que pode surpreender, porém, é a descoberta recente de uma nova espécie de golfinho. Todos os golfinhos são mamíferos e estão entre as criaturas mais inteligentes do planeta. Eles são altamente sociáveis e altruístas e vivem em pequenos grupos com seus pares. Há também uma série de espécies de golfinhos que vivem em rios. Os golfinhos de rio têm focinhos longos e finos e são nadadores mais lentos e com visão mais baixa em comparação com as suas contrapartes oceânicas.
Os golfinhos de rio são animais raros, o que torna a descoberta do Inia araguaiaensis ainda mais surpreendente. Ele marca a primeira documentação nova de uma espécie de golfinho de rio em um século. Três das quatro espécies mundiais de golfinhos são listadas como ameaçadas, o que destaca a necessidade de proteger o I. araguaiaensis. Os golfinhos de rio, muitas vezes chamados de botos, existem em toda a Bacia Amazônica, mas esta nova espécie foi suficientemente separada de outros botos por uma sequência de corredeiras e canais. O I. araguaiaensis foi encontrado na bacia do rio Araguaia, e testes fisiológicos e genéticos completos determinaram que é uma espécie separada de outros botos. A magnitude da variação genética sugere que ele divergiu de um antepassado comum aproximadamente dois milhões de anos atrás.
3. A assustadora Scolopendra Cataracta
Se você pensou que estava a salvo de criaturas assustadoras após a listagem de um diplópode de 414 pernas, se enganou. Esta espécie acima é a Scolopendra Cataracta, um centípede muito estranho descoberto no Sudeste Asiático. Os entomologistas conseguiram categorizar a nova espécie com base em apenas quatro espécimes coletados: dois no Laos, um na Tailândia e um centípede mal identificado encontrado no Vietnã em 1928, que ficou ocioso no Museu de História Natural de Londres.
Esta nova espécie é o primeiro centípede já descoberto a ser um anfíbio, caçando tanto em terra quanto na água. O S. cataracta é um carnívoro e pode atingir quase 20 centímetros de comprimento. Os centípedes são venenosos, e quanto maior é a centopéia, mais dolorosa é a mordida. Isso significa que você vai querer ficar longe deste, que é particularmente grande e assustador. Sua mordida não mataria um ser humano, provavelmente, mas seria dolorosa e poderia doer por semanas. Os cientistas acreditam que o S. cataracta é um animal noturno, caçando debaixo da água. Algo para se esconder se você estiver nadando nos cantos mais distantes do mundo.
2. Plenaster Craigi, uma nova descoberta nas profundezas
Você provavelmente não vai encontrar essa criatura durante sua vida. Você pode até se surpreender ao saber que ela é um animal. A Plenaster craigi é uma nova espécie de esponja encontrada a mais de 4.000 metros abaixo da superfície do Oceano Pacífico. Existem 15 mil espécies de esponja, uma das primeiras formas de vida animal no planeta, que remontam a mais de 500 milhões de anos. Os cientistas descobriram que não só as esponjas compartilham um ancestral comum primitivo com outros animais, mas também demonstram sistemas imunológicos e movimentos coordenados, o que as coloca diretamente na categoria animal.
Duas expedições para as profundezas do Pacífico, em 2013 e 2015, renderam a descoberta de P. craigi. Ela foi encontrada na Zona Clarion-Clipperton, um grande trecho do Pacífico que varia aproximadamente do Havaí até o México. As esponjas são animais pequenos, mas também onipresentes. As pesquisas científicas sugerem que elas estão entre as criaturas mais comuns nas profundezas. Elas vivem em nódulos ricos em metal que são vistos como paraísos potenciais para futuras mineradoras de profundidade. P. craigi, que não é apenas uma nova espécie, mas também compreende um novo gênero, mostra-nos apenas o quanto temos que aprender sobre a vida profunda abaixo da superfície dos nossos oceanos.
1. Myotis Attenboroughi, uma nova velha espécie
No estudo e diferenciação das espécies, os taxonomistas muitas vezes agrupam animais aparentemente semelhantes quando, na verdade, eles podem constituir suas próprias espécies. Este foi o caso do Myotis attenboroughi, que tem seu nome em homenagem ao naturalista britânico David Attenborough.
M. attenbouroughi é uma espécie de morcego encontrada na ilha de Tobago, parte da nação caribenha de Trinidad e Tobago. Cientistas examinaram os registros de museu de 377 espécimes de morcegos do Caribe e foram capazes de analisar uma nova espécie que demonstrou diferenciação fisiológica e genética significativa. Outras pesquisas de campo serão necessárias para determinar se o M. attenbouroughi é encontrado em ambas as ilhas da nação. Mas o que esse achado indica é que novas espécies estão às vezes debaixo do nosso nariz, apenas esperando para ser identificadas. [Listverse]
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