Dizia a minha vó: “Tá sem sono? Tome um copo de leite morno que já dorme, fio”. E como todo paranaense que curte um leiTE quenTE, obviamente eu obedecia. Não me lembro se eu pegava no sono depois disso, mas o certo é que conhecimento de vó a gente não discute tanto – ao menos não deveríamos discutir, afinal, o que elas falam normalmente é para nosso bem.
Mas será que essa crendice tem algum sentido? Sim e não: o leite é rico em triptofano, um tipo de aminoácido capaz de influenciar a serotonina, isto é, a sensação de prazer e bem-estar. Porém, a alta concentração desse elemento na bebida não aumenta a quantidade que é absorvida pelo cérebro, conforme um estudo publicado em 2003.
Para entrar no cérebro, o triptofano – e qualquer outra droga que induz o sono – precisa penetrar a barreira hemantoencefálica, que protege o sistema nervoso central de substâncias tóxicas. O triptofano até consegue fazer isso, mas não em quantidade suficiente para induzir o sono como algumas pessoas mais velhas acreditam.
Mas, nem tudo está perdido nesse “mito”: caso você consuma o leite (quente ou frio) comendo biscoitos, cereais ou frutas secas, que possuem uma alta quantidade de açúcar, você irá aumentar a produção de insulina, que, consequentemente, irá diminuir a quantidade de outros aminoácidos que competem com o triptofano na hora de romper a barreira hemantocefálica.
Assim, a chance da técnica da vovó funcionar é aumentada, mas não 100% garantida. Quem garante que só o leite melhora o sono provavelmente sofre de um efeito placebo, ou seja, é apenas uma ilusão de que ele ajudou. Agora, se alguns carboidratos entrarem na jogada daí sim pode ser que o sono chegue um pouco mais rápido.
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