O Big Bang, como você sabe, é a teoria científica mais aceita no momento para explicar o surgimento do Universo e, consequentemente, de tudo o que existe nele. Mas, e sobre o que existia antes desse evento... Não havia nada? Essa é uma questão que desperta acaloradas discussões filosóficas há décadas — e é bem difícil nos depararmos com respostas satisfatórias, não é mesmo?
Entretanto, veja que coisa mais interessante! Esses dias, Stephen Hawking, um dos físicos teóricos mais respeitados e geniais de todos os tempos, estava batendo um papo com Neil DeGrasse Tyson, um dos astrofísicos mais famosos e zoeiros do mundo, quando, casualmente, surgiu o assunto do que existia antes do Big Bang e Hawking deu a resposta — assim, como quem não quer nada!
Neil DeGrasse Tyson (The Huffington Post/Fox via Getty Images)
E aí?
O bate papo estava rolando durante um programa de TV comandado por DeGrasse chamado “Star Talk” quando a conversa enveredou para esse assunto. Foi então que Hawking começou a falar sobre uma proposta conhecida como “Estado de Hartle-Hawking” — também conhecida como “proposta sem limites” —, elaborada pelo físico James Hartle e o próprio Hawking.
O consenso atual é que vivemos em um cosmos em constante expansão, certo? Pois, segundo a proposta sem limites, a condição de fronteiras do Universo é que ele não tem nenhuma. E o que isso significa, exatamente? Com sua proposta, Hawking e Hartle nos convidam a imaginar uma situação: e se pudéssemos apertar um botãozinho e fizéssemos o tempo retroceder até os primórdios do Universo, até o início de tudo, há 13,8 bilhões de anos?
Revertendo a flechinha do tempo
Segundo os físicos, se fosse possível retroceder, o tempo seria “rebobinado” (como um filme) e daria lugar a um espaço sem tempo — e tudo “encolheria” até que o Universo ficasse todo concentrado em um ponto do tamanho de um único átomo. Esse pontinho ínfimo onde tudo se encontra condensado, aliás, é o que os físicos chamam de singularidade.
Expansão e evolução (Universe Today/grandunificationtheory.com)
Então! Nesse pontinho de calor e energia onde tudo se encontra — super-ultra-mega — densamente concentrado, as leis da física e do tempo (como nós, humanos, o percebemos) deixam de funcionar. Isso porque, conforme explicou Hawking para DeGrasse, antes de o Universo começar a se expandir, o tempo simplesmente não existia e, portanto, como o cosmos era uma singularidade tanto no espaço como no tempo, a ideia de “início”, “antes” ou “depois” não faz sentido.
Esse conceito é bem complicado para a gente entender porque nós associamos a nossa própria existência com a passagem do tempo quando, na verdade, o tempo deveria ser entendido como evolução. No entanto, segundo Hawking, o cosmos não teve uma origem como nós a entendemos — uma vez que, de acordo com sua proposta, ele não possui uma fronteira inicial no espaço e no tempo —, e nunca ocorreu um “Big Bang” que deu origem a tudo a partir do nada.
Tudo é afetado pela nossa percepção de passagem do tempo (Big Think)
O que ocorre, de acordo com Hawking, é que não é possível definir os eventos que antecederam o Big Bang porque não existe uma forma de medir o que aconteceu. Assim, já que os acontecimentos anteriores à “grande explosão” não têm consequências que possam ser observadas, elas acabaram ficado de fora da teoria e todo mundo passou a considerar que o tempo começou com o Big Bang. Nós só temos essa impressão simplesmente por conta da forma como percebemos a passagem do tempo.
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