Para quem prefere evitar o açúcar, mas não perde a chance de adoçar a vida, o mel é uma das ferramentas mais versáteis que existem. O material 100% natural combina tanto com aquela saladinha de frutas quanto com um bom pote de aveia ou até mesmo na cobertura de um pratão de panquecas. Nada como ver o líquido melado escorrendo pela comida e já pensar no gostinho doce, não é? Mesmo com todas propriedades benéficas e um gosto fantástico, um fato sobre o item é imutável: mel é vômito de abelha.
Calma, não precisa cuspir a torradinha adocicada ou as bananas picadas e correr para a pia para enxaguar a boca na água corrente! Todo o processo de criação do produto é extremamente limpo – apesar de tudo –, faz parte da natureza dos bichinhos e tem uma forte base na nossa velha companheira de escola, a Química. Assim, o melhor a fazer é voltar a comer o seu lanchinho ou sobremesa e conferir exatamente como o mel é produzido antes de ser coletado pelo homem – ou por um certo urso que habita o parque de Yellowstone.
Cospe daqui, excreta de lá
Quem tem verde perto de casa sabe como as abelhas adoram “namorar” as flores por toda a vizinhança, voando para lá e para cá e pousando um pouquinho em cada uma delas. O que acontece é que o néctar das plantas é bastante saboroso e nutritivo para esses animais, fazendo com que as operárias saiam da colmeia e visitem cerca de 1,5 mil flores em sua jornada para coletar o recurso. Enquanto uma parte dele é usada para dar energia ao inseto, um estômago separado consegue armazenar até 70 miligramas do elemento.
Quando estão cheias, essas abelhas retornam para seus lares enquanto digerem parte do material, que é quebrado em glicose e frutose. Como as operárias não são as mais indicadas para a tarefa de digestão – afinal, são mais velhas e possuem poucas das enzimas necessárias para a operação – elas precisam para repassar o material a outras de suas colegas, as engenheiras. Como a “carga” é passada de uma para outra? De forma simplificada, a coletora vomita o néctar semidigerido na boca da sua companheira. Bacana, né?
Jovem e com uma quantidade bem maior de enzimas, a engenheira dá continuidade ao processo de transformação do produto, mantendo-o dentro de si por cerca de meia hora até – adivinhe só – regurgitá-lo mais uma vez. Nesse ponto, você deve estar se perguntando “Mas gente, tem necessidade disso?”, e a resposta para essa dúvida é um sonoro “sim!”. Nessa altura do campeonato, mais de 70% da composição do líquido é de água, fazendo com que ele precise ser depositado nos alvéolos – os buraquinhos hexagonais – para secar.
Quando a quantidade de água chega a cerca de 18% – depois de alguns dias de espera –, a abelha responsável pelo cubículo excreta de dentro de si uma cera para selar e proteger o recurso até que, efetivamente, ele se torne o delicioso mel. O trabalho é tão duro e a engenheira tão dedicada que, em média, cada abelha produz em toda sua vida apenas 1/12 de uma colher de chá do material – o que dá uma noção de quantas colmeias são necessárias para que um apicultor colete o equivalente a um pote pequeno de mel.
Um toque feminino
Saber que a fabricação natural de mel envolve uma boa dose de vomitadas, secreções e secagem tornou o item menos saboroso para você ou o que vale é o resultado final dessa série de reações químicas? Vale notar que todo esse trabalho é feito única e exclusivamente pelas “mocinhas” entre as abelhas, já que tanto a classe das operárias quanto a das engenheiras são compostas apenas de insetos do sexo feminino. Palmas para as garotas!
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