A Justiça de São Paulo condenou o Grupo Globo a pagar uma multa de ao menos R$ 77 mil por exibir uma sátira ao candomblé no canal Multishow. O episódio foi ao ar em outubro de 2013 no programa de humor “Jornal Sensacionalista”, que relacionou um cachorro à religião de matriz africana. No mesmo ano, a Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena da Secretaria de Justiça e de Cidadania de São Paulo formalizou uma denúncia contra a Globo.
Na esquete que virou polêmica, uma repórter aparece “entrevistando” um cão trajado com vestimentas brancas em referência à religião. A tutora do cachorro então conta que ele é considerado um animal especial pela comunidade, por “receber entidades”, “prever o futuro” e “jogar búzios”.
“Religião ‘cãodomblé’ causa alvoroço em comunidade”, diz a chamada. Veja o vídeo:
Globo tentou recorrer
Em nota enviada ao BHAZ, a Secretaria de Justiça e de Cidadania de São Paulo disse que, em 2018, a empresa já havia sido condenada ao pagamento de R$ 3 mil pelo episódio. “A empresa recorreu, mas a condenação foi confirmada, em 2018, pelo então secretário Márcio Fernando Elias Rosa”, detalha a pasta (veja a nota na íntegra abaixo).
O Grupo Globo então entrou com uma ação no Tribunal de Justiça para anular a decisão, mas no último dia 9 de fevereiro, a Justiça decidiu por manter a condenação. A reportagem procurou o Grupo Globo para um posicionamento sobre o assunto, mas até a publicação da matéria não obteve retorno.
Nota da Secretaria de Justiça de SP
Em 2013, a empresa Globosat Programadora foi denunciada pelo crime de discriminação racial pela Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena (CPPNI), da Secretaria da Justiça e Cidadania. Em 2018, a empresa foi condenada ao pagamento da multa de 3.000 Ufesp (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo). A denúncia por discriminação racial foi motivada por um episódio do humorístico “Sensacionalista” (Multishow) que relacionou um cachorro à religião de matriz africana candomblé.
A empresa recorreu, mas a condenação foi confirmada, em 2018, pelo então secretário Márcio Fernando Elias Rosa. A Globosat Programadora entrou, então, com ação no Tribunal de Justiça para anular a decisão da Comissão Especial – Discriminação Racial que a julgou e a condenou. E, no último dia 9 de fevereiro, o TJ manteve a condenação.
A decisão do TJ-SP manteve a condenação da Globosat Programadora ao pagamento da multa de 3 mil UFESP (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo), em 2018. O valor da UFESP de 2018 era de R$ 25,70.
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