Um abraço pode ser rápido, demorado, bem apertado ou um comprimento ligeiro. Para alguns ele pode até ser tão presente que nem param para pensar a respeito. Mas com a pandemia e as restrições de contato, pessoas passaram a sentir falta desse ato tão simples, mas importante em nossas vidas.
Exemplo da falta que faz, é a canadense que criou uma “luva de abraço”, para poder abraçar a mãe. O aparato criado é uma espécie de cortina com duas entradas de cada lado, como mangas, para os braços. Assim, em lados opostos elas podem abraçar com segurança.
Importância do contato
De acordo com estudo o contato social melhora a saúde e o bem estar. Para a pesquisa, mulheres casadas foram submetidas à ameaça de choque elétrico. Os resultados indicaram que quando as participantes seguravam a mão de seus maridos, foi atenuada de forma geral a ativação dos sistemas neurais que suportam respostas a ameaças emocionais e comportamentais. Quando seguravam a mão de estranhos a redução foi mais limitada. Simplesmente segurar a mão do marido reduziu a atividade neural relacionada à ameaça.
Um publicação do Texas Medical Center aponta que o toque é parte da interação humana e o contato físico é uma forma muito presente de mostrar interesse ou estabelecer companheirismo. Mas entre as medidas para evitar a disseminação da Covid-19 nos mantemos distantes das outras pessoas, pelo menos dois metros. Como o contato físico é muito presente nas nossas vidas e as pessoas podem sofrer com essa privação do toque.
Isso aumenta o estresse, depressão e ansiedade e desencadeia uma séries de reações psicológicas negativas. Também pode aumentar a pressão sanguínea, ritmo cardíaco e tensão muscular, por exemplo. Doenças físicas podem ser alteradas quando a pessoa está mais ansiosa ou deprimida, disse o professor do Departamento de Psiquiatria da Baylor College of Medicine, Asim Shah.
Diante da importância do contato, o New York Times falou com especialistas sobre os riscos e medidas de segurança no momento do abraço. Uma das principais especialistas em doenças transmitidas pelo ar, Linsey Marr, falou sobre a forma mais segura de abraçar durante um surto de doença viral, para reduzir o risco de exposição.
As orientações são baseadas em modelo matemático sobre como vírus respiratórios viajam durante contato próximo. O estudo foi realizado pela equipe de Yuguo Li, professor da Universidade de Hong Kong. Marr calculou que há baixo risco de exposição durante um abraço rápido, mesmo que a pessoa estivesse contaminada e, eventualmente, tossisse.
Embora não exista uma medição exata, estimasse que é necessária uma dose entre 200 e mil cópias do novo coronavírus para deixar uma pessoa doente. Uma tosse pode conter entre 5 mil e 10 mil vírus. Mas em contato próximo, normalmente, cerca de 2% das gotículas seriam inaladas ou atingiriam a pessoa próxima. Isso representa uma quantia entre 100 e 200 vírus. Ainda assim, apenas 1% das partículas da tosse seriam de fato infecciosas. Marr estima que se ninguém tossir ou falar durante o abraço, o risco deve ser bem baixo.
Se não tiver como evitar
A medida mais segura é evitar abraçar, porque há grande variação na quantidade de vírus disseminada por cada pessoa. Mas se você precisar desse contato, tome precauções e lembre que alguns são mais arriscados do que outros. Escolha bem quem você vai abraçar.
Essas medidas são importantes porque não se sabe quanto tempo a pandemia vai durar, assim pode levar muito tempo até que pessoas possam voltar a ter contato umas com as outras. Uma das medidas mais relevantes é o tempo de abraço, porque o contato mais prolongado aumenta os riscos de transmissão.
Li considera que uma longa conversa pode ser mais arriscada do que um abraço breve. O maior risco pode estar na aproximação e quando as pessoas se afastam depois do abraço. Também é importante manter o uso da mascara.
O abraço
Durante o abraço evite que seu rosto ou máscara entre em contato com o corpo ou roupas da outra pessoa. Não abrace pessoas com sintomas da Covid-19. É muito importante a posição do rosto que deve estar virado para o lado oposto ao da outra pessoa e durante o abraço não tussa ou fale. Também tente não chorar, porque aumenta o risco de entrar em contato com fluidos contendo vírus. Abrace rápido e não demore para se afastar para não respirar próximo ao rosto da outra pessoa. Depois lave as mãos.
Deixar que crianças abracem na altura dos joelhos ou cintura olhando para direções opostas diminui o risco de exposição direta devido à distância. Como a face e a máscara podem estar contaminadas, depois do contato é aconselhável lavar as mãos e trocar a roupa.
O virologista professor da Universidade de Leicester na Inglaterra, Julian Tang, ainda aconselha segurar a respiração durante o abraço. Como esse ato dura, em geral, menos de 10 segundos, ele considera possível. Tang aconselha voltar a respirar novamente apenas quando estiver a distância segura de dois metros da outra pessoa. [New York Times, Texas Medical Center]
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